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sábado, 26 de agosto de 2023

A INDUMENTÁRIA MAÇÔNICA


Por: LuCaS

INTRODUÇÃO

Indumentária, substantivo feminino, história do vestuário ou de hábitos relacionados com o traje em determinada época, local, cultura etc., conjunto de vestimentas usadas em determinada época ou por determinado povo, classe social, profissão etc., o que uma pessoa veste; roupa, indumento, induto, vestimenta, estas são algumas definições encontradas nos dicionários.

Basicamente, a uniformização da indumentária visa a harmonização do ambiente e das pessoas, gerando um clima psicológico favorável à integração e ao controle. As diversas organizações uniformizam as pessoas na busca da disciplina, do controle e da integração.

No caso da Maçonaria, a uniformização tem os mesmos benefícios já citados, além de naturalmente, os aspectos que se incluem e que dizem respeito ao uso da cor preta.

No “Ritual de Aprendiz – Rito Escocês Antigo e Aceito – 1928” adotado pela Grande Loja Maçônica do Estado da Paraíba, no que se refere ao traje maçônico, lê-se: “O traje maçônico de costume é o terno preto, com gravata, sapato e meias, todos na cor preta, e camisa social de cor branca. Nas Sessões Magnas de iniciação é desejável ainda, o uso de luvas brancas. Em loja de Aprendiz Maçom, somente o Venerável Mestre, trará à cabeça um chapéu de feltro preto e mole; nas sessões econômicas será tolerado aos Mestre Maçons o uso do Balandrau”. E segue, “Nas sessões, todos os Irmãos deverão usar os aventais e insígnias dos Graus Simbólicos que possuírem. Oficiais usarão colares de fita de 10 cm de largura, terminando em ponta sobre o peito, com a joia do cargo. As luzes (Venerável Mestre, 1º e 2º Vigilantes) usarão punhos de seda orlados de galão, tendo na face externa bordados, a joia do respectivo cargo. O Mestre de Cerimônias usará, quando conduzir alguém a algum lugar, um Bastão encimado com o emblema do seu cargo...”.

Alguns defendem que o traje maçônico correto é o terno escuro, de preferência preto ou azul-marinho, especialmente em Sessões Magnas, sendo tolerado o uso do Balandrau. Outros, defendem a ideia de que tanto em Sessões Magnas, quanto Econômicas, pode-se usar apenas o Balandrau.

Importante observar que, tanto do ponto de vista linguístico como do ponto de vista maçônico, preto e escuro não são sinônimos, conforme muitos querem. E, em assim sendo, toda indumentária que não seja preta, embora escura, não é maçonicamente adequada.

Segundo Castellani, o brasileiro, com a sua formação católica, de um passado recente, não se desligou, ainda, do “Traje de missa”. As instituições maçônicas dentro dessa mentalidade, ainda preconizam e algumas exigem até em Sessões Econômicas ou Administrativas, o traje formal completo e, ainda por cima preto, onde branca é só a camisa.

Devemos levar em consideração, também, que o traje masculino sofreu e sofre variações, através dos tempos, inclusive de povo para povo.

A comodidade que oferece ao usuário fez com que o Balandrau se difundisse rapidamente.

Em algumas partes do mundo, principalmente em regiões quentes dos Estados Unidos, os maçons vão às Sessões até em mangas de camisa.

O presente trabalho terá seu enfoque voltado para, roupa, Indumentária Maçônica e para alguns elementos referentes a ela.

A ROUPA E O PODER

As roupas têm uma linguagem própria, que não correspondem à linguagem verbal. Elas têm permitido, há séculos, a comunicação entre os humanos, sempre mudando o seu significado, tendo a faculdade de transmitir informação a respeito de quem somos, qual o papel social que ocupamos.

A possível necessidade do homem colocar algum coisa sobre o corpo é atribuído aos aspectos de pudor, do adorno e da proteção. Embora desconhecidas as razões, nos tempos primitivos, as soluções adotadas pelo homem foram cobrir o corpo com pelos, peles e plumas de animais, algumas fibras e cascas vegetais, para resistir às intempéries, picadas de insetos, etc.

Tanto as questões do pudor, do adorno e da proteção fazem parte do conteúdo da linguagem não-verbal do ato de cobrir o corpo.

Os historiadores se preocupam com a influência que a roupa exerce sobre a condição social, mostrando as diferenças existentes numa sociedade.

Segundo Gilda de Mello e Souza: “É sabido que a vestimenta se origina menos no pudor e na modéstia do que num velho truque de, através do ornamento, chamar a atenção sobre certas partes do corpo” e que “o homem só se desinteressou da vestimenta quando esta, devido à mudança profunda no curso da história deixou de ter importância excessiva na competição social”.

Indumentária são todos os enfeites, tatuagens, joias que se colocam sobre o corpo e, como pode ser evidenciado nas análises ao longo do tempo, será sempre um indicativo de diferenciador de classes.

As roupas têm o poder de enviar uma variedade de sinais, de quem as veste, como, por exemplo, uma pessoa de origem social modesta. Se elas têm um significado, esse é, antes de mais nada, pessoal, e exerce sobre nós uma magia. O vestir é também uma arte performática. A pessoa vestida é uma pessoa que interpretamos, as roupas servem segundo Elizabeth Wilson, para “estabilizar a identidade” ou ainda “a maneira com a qual nos vestimos pode aliviar o medo (de não sustentar a própria autonomia) ao estabilizar a nossa identidade individual”.

As roupas sempre têm um significado, é difícil imaginar uma roupa sem nenhum significado. Significados mudam, mas significados mais antigos permanecem com o passar do tempo. Como é colocado por Gilda de Mello e Souza (1987), a arte de vestir está intimamente associada aos princípios morais; ao mesmo tempo que traduz a necessidade do adorno, a roupa corresponde ao desejo de distinção social. A maior parte das leis suntuárias certifica a intenção de impedir as classes pobres de se vestirem como os nobres, visando monopolizar o poder e impedir a mobilidade entre as classes sociais.

Entre a aristocracia na Antiguidade, o costume de deixar roupas em testamento era uma afirmação do poder do doador e da dependência do donatário.

No século XIX, transformações radicais como o desenvolvimento das profissões liberais, a democracia, a emancipação das mulheres, a propagação dos esportes e as mudanças sociais fizeram com que o traje imóvel dos séculos anteriores desabrochasse na estrutura movediça que ainda vigora de hoje em dia.

Segundo a antropóloga Gilda de Castro, o vestuário é o ponto de partida na construção de identidade social ao transformar-se em referência objetiva quanto ao senso estético, princípios morais, sucesso profissional e autoestima. O Estado reconhece o vestuário como um conjunto de símbolos que indica proeminência do cargo e adesão institucional, porque define normas rígidas para o trabalho e para as solenidades para alguns servidores, especialmente magistrados, procuradores, diplomatas e militares. Oferece, inclusive, condições especiais na remuneração de tais servidores para suprir essa despesa, esperando confirmar sua autoridade diante de todos os cidadãos. Admite, portanto, que a roupa e respectivos complementos materializam poder, sucesso e seriedade, reforçando o respeito às instituições.

Também, as empresas têm interpretação semelhante, porque cobram “boa aparência” dos empregados que lidam com a clientela ou com os fornecedores.

A COR PRETA E SUA UTILIZAÇÃO NO VESTUÁRIO 

O prefixo latino para negro é niger. O vocábulo preto, originou-se do latim appectorare que significava “comprimir contra o peito” e, por sua vez, virou “apertar”, com o sentido de apertado, denso, espesso. O preto é a única cor que não tem cor, é o nada, é originária da mistura de todas as cores, conhecida na cultura ocidental como a cor da morte.

O negro é considerado uma cor paradoxal, pois ele tende a fazer um jogo duplo com o tempo, sendo usado em diferentes momentos, de diversas formas, para marcar indivíduos ou grupos, para diferenciar algumas religiões, os que estão de luto, mulheres dos homens, jovens de velhos, ricos de pobres, conforme mostra a história da evolução da indumentária, através dos tempos.

O significado da cor atribui- se à sua história. O preto teve inúmeros significados ao longo da história da humanidade, sendo o principal deles, o luto. O sentimento de tristeza, é associado sempre a uma roupa sóbria, ligando no imaginário popular a ideia de escuridão, noite e morte. Em muitas partes do mundo, a cor preta está associada aos afrodescendentes sendo que a palavra “negro” era usada para inferiorizar e identificar os povos africanos, indianos e todos os povos de pele escura.

Alguns significados da cor aparecem e se reforçam pelo uso no decorrer dos anos, como acontece com a cor negra que é extraordinária por sua “combinação de um poder simbólico e ótico”. De fato, essa cor tem um significado permanente e profundamente marcado associado às memórias das ocasiões em que foi usada. Foi no começo do século XIX, que o preto foi mais usado pelos homens como distinção entre os sexos (homens de preto, mulheres de branco), causando muita polêmica aos comentaristas da época ao alegarem que os homens estavam usando uma vestimenta da morte. A cor preta era

naturalmente associada com a roupa formal. No entanto, assim como é enfatizado por Harvey (2003): “O preto não perdeu sua gravidade ao se tornar uma cor elegante a ser usada em sociedade”.

Para Baudelaire, a explicação sobre o uso da casaca e do fraque pretos é política. Para ele, a casaca preta representa um uniforme da democracia.

Numa correspondência do Século XII entre membros do clero, encontramos argumentos em favor do uso da cor preta contra branca e vice-versa.

Um monge pode ser bom ou mau monge, usando preto ou branco (“o hábito não faz o monge”, diz o ditado popular), mas a cor tem seus significados: o branco representa a alegria e solenidades festivas, e é a cor do Cristo transfigurado. Já a cor negra, representa a humildade, penitência dor e luto. Os beneditinos eram conhecidos com “monges negros”, pelas suas vestimentas, uma vez que um dos deveres formais dos monges era vestir luto.

Nas igrejas ordinárias, o preto sempre foi usado nas missas dos mortos e nos dias de jejum penitencial.

Fora da igreja, poucas pessoas usavam o preto. No entanto, nos séculos seguintes, o negro era usado pelos médicos, os homens da lei e os advogados, mercadores, cavaleiros e escudeiros, não apenas o clero. O judaísmo e o protestantismo também fizeram uso da cor preta.

O preto era pouco usado pelos príncipes no início do século XV, à exceção nos dias de festa. Porém, o monarca Felipe, o Bom, duque de Borgonha, após o assassinato de seu pai (João Sem Medo) pelos franceses, usou preto como luto pela primeira vez e não o tirou mais. O preto usado dessa forma por ele, simboliza ao mesmo tempo, um misto de vingança e poder, uma vez que ele vingou a morte de seu pai matando muita gente, antes de confrontar e matar o assassino de seu pai.

A partir daí, o negro começou a adquirir, na moda, o valor que simbolizou posteriormente e (que tem ainda hoje), carregando em sua elegância, as sugestões concomitantes de importância e sofisticação.

Em Veneza, como nas outras Cidades-Estados italianas, a população gostava de imaginar-se em uma Nova Roma. Todos os homens notáveis, a partir dos 25 anos, vestiam no inverno ou no verão, dentro ou fora de casa, uma longa veste preta chamada de “toga”, aparentando todos serem doutores em lei. Eles vestiram o preto antes dos reis, tinham o preto como uniforme dos homens notáveis e poderosos dentro da sociedade.

Além dos advogados, outros profissionais como médicos, professores e os membros do clero, as conhecidas “profissões educadas”, vestiam o negro na Europa do século XVI. Na virada do século XVII, todos os estudantes de Direito ingleses, advogados e conselheiros do Rei, vestiam roupas talares, “togas”, pretas.

Os médicos usavam roupas talares pretas nos séculos XVI, XVII e XVIII sendo considerado como o reflexo da alta dignidade do conhecimento. Embora o preto dos médicos não tivesse o mesmo significado do preto usado pelos agentes funerários, ele tinha o intuito de ser a cor daqueles que se colocavam à frente dos mistérios da luta contra a morte. Até o século XIX os médicos ainda vestiam o preto, caracterizando a erudição, a elegância e a seriedade.

O PORQUE DO PRETO EM NOSSO TRAJE

Como sabemos, não existe “cor” Preta, e sim uma ausência de cor que forma o preto. Também podemos dizer que o Branco não é uma cor; este é composto por um conjunto de cores primárias.

Cor é Energia e Luz, segundo Leonardo da Vinci, Isaac Newton e Johann Kepler, que formularam teorias a respeito das cores, em tratados mundialmente conhecidos. O olho humano está limitado para perceber as emissões luminosas compreendidas entre 400 e 700 nanômetros. Dentro da luz visível temos dois extremos: Vermelho – com 718,5 nanômetros e a Violeta com 393,4 a 486,1 nanômetros.

Podemos observar que o Violeta é a cor de mais baixa frequência dentro do espectro visível. Entretanto, como o Preto é a ausência de cor ele não está nesta escala. Mas sendo o Violeta a cor que mais se aproxima do Preto, e sendo o Violeta a cor de menor comprimento de onda, conclui-se que o Preto é ausência de cor, pois absorve todas as outras cores.

O PRETO COMO ABSORVENTE DE RADIAÇÕES

Várias são as ciências e filosofias que estudam as radiações físicas ou espirituais. Fisicamente temos um exemplo prático: os tanques de combustíveis de uma refinaria, quando acondicionam gases metano, propano e outros, que não podem ser aquecidos, são pintados na cor branca ou prata, pois esta reflete a luz solar evitando o aquecimento. Ao contrário, existem fluídos que para manterem a viscosidade suficiente para serem transportados, como o óleo lubrificante, necessitam manter uma temperatura mínima. Nestes casos, os tanques são pintados de preto para absorverem calor da radiação solar.

No campo da Astronomia, temos os chamados buracos negros. De todas as teorias formuladas até hoje, temos uma única certeza: trata-se de uma região negra onde toda a forma de radiação, independentemente de sua frequência é absorvida.

Do lado Esotérico temos várias fontes que empregam as cores como radiações benéficas. Mesmo no reino vegetal e animal, cada qual tem a sua vibração e cada vibração com a sua cor. Tudo isso ficou provado com o invento da máquina Kirlian, com o qual podemos obter fotografias das “auras” das pessoas, plantas e objetos. Essas auras são dotadas de tons e cores.

Hoje temos a Cromoterapia, que utiliza de luzes de várias cores para “curar”. Muito utilizada na era de ouro da Grécia e no antigo Egito (Babilônia), Índia e China. Hoje sabemos que a cor pode curar, acalmar ou irritar, dependendo da sua frequência.

No Espiritismo de Kardec sempre se utilizaram os passes magnéticos, que também são medidos em frequência. Portanto, podemos afirmar que os passes magnéticos também emitem cor. Da mesma maneira que atuam as cores no processo de cromoterapia, os passes atuam nos Chacras ou Centros de força.

A COR PRETA NA RITUALÍSTICA

Em nossas reuniões, dentro do Templo, muitas são as vibrações emanadas de todos os nossos Irmãos, sejam eles Oficiais ou não. Principalmente durante a abertura do Livro da Lei temos a formação da Abóbada, estabelecendo-se, nesse momento, a

Egrégora. Este é um momento em que todos nós emitimos radiações, e ao usarmos a veste preta, estaremos absorvendo todas essas energias, reativando os nossos chacras.

Se examinarmos a ritualística, em uma Iniciação, por que o candidato não está nem nu nem vestido? Entre outras razões, é para que tenha seus chacras totalmente expostos para que emita e receba vibrações. Como está com os olhos vendados, sua percepção estará mais aguçada em todos os sentidos. Receberá todas as impressões sonoras, sentirá odores e nossas vibrações.

Nossa Bolsa de Proposta, tem seu interior negro. Assim, nada do que ali for depositado “sairá”, somente nosso Venerável Mestre tem conhecimento do seu conteúdo, em primeira instância.

BALANDRAU

 Como já foi mencionado no capítulo introdutório, o presente trabalho tem seu enfoque voltado para Indumentária Maçônica e para alguns elementos referentes a ela. Com fins descritivos, torna-se necessário, antes de fazermos as análises sobre o assunto ser discorrido, Balandrau, apresentar alguns possíveis significados de um termo, que embora não sendo maçônico, será, aqui, usado para ilustrar nosso assunto em questão.

Portanto, a seguir, será mencionada uma breve série de significações desse objeto usado como indumentária, a TOGA: substantivo feminino, manto de lã, depois de linho e comprido, que servia de vestimenta nacional masculino aos romanos. Era uma peça, muito grande, de pano que se pregueava e que os candidatos às magistraturas traziam branqueadas com giz, as crianças e os magistrados bordados de púrpura e os triunfadores e imperadores, inteiramente púrpura. Modernamente, vestimenta de magistrado, advogado ou professor.

Toga viril, é a toga que os rapazes romanos passavam a usar a partir dos 17 anos, quando atingiam a maioridade abandonando a praetexta. A toga viril era branca, sem adornos nem tintura e poderia ser usada por qualquer cidadão romano em idade adulta (a noção de adolescente em Roma diverge da atual. Uma vez que se vestia esta toga, já eram cidadãos capazes de exercer os cargos da república e posteriormente do império, assim como para o serviço militar). O rito de passagem da infância para a idade adulta era presidida pela deusa “Juventas”. Antes deste momento os jovens usavam a toga praetexta, de cor púrpura, reservada às crianças e aos magistrados.

 TOGA: túnica talar preta, que os magistrados judiciais, os membros do Ministério Público e os advogados vestem quando no exercício de suas funções, perante juízes ou tribunais. Diz-se, especialmente, da beca usada pelos juízes. Por extensão, a própria magistratura judiciária. Segundo usança do século passado, a toga dos juízes tinha uma faixa branca e a dos promotores de justiça uma vermelha. O mesmo que beca. (Dic. de Tecnologia Jurídica- Pedro Nunes- 12ª Edição-1990)

BECA: veste talar preta, que os magistrados judiciais, os membros do Ministério público e advogados usam, quando no exercício solene de suas funções principalmente nas sessões dos tribunais de justiça e do júri.

O emprego do termo toga depende do ambiente em que foi utilizado. Porém, tanto no âmbito jurídico quanto no universo da moda, as definições sobre o uso da toga são referentes a propósitos semelhantes e apresentam características sinônimas. As distintas denominações atribuídas à toga (como garnacha ou beca) também não influenciam suas características básicas e primordiais.

Como exemplo de uma indumentária que surgiu nos primórdios da civilização, atravessou os tempos e permaneceu até à contemporaneidade, com algumas mudanças na cor, na forma, na quantidade de tecido, conservando porém o mesmo significado, temos a toga.

O uso da toga era propício para aparecer em público, diante dos tribunais e usada somente em tempo de paz.

No início de quando começou a ser utilizada, a toga tratava-se de um manto de lã, passando, posteriormente, a ser confeccionada em linho comprido e largo, que servia de vestimenta nacional masculina aos romanos, sendo uma peça característica da Roma Antiga, e de uso exclusivo do cidadão romano que pertencesse à classe alta, especialmente pelos Senadores e na cor branca. As togas que os romanos usavam no começo do Império eram simples e, guardadas as devidas proporções, equivalem a uma espécie de terno hoje em dia, que servia para diferenciar os romanos.

Por sua vez, os romanos a herdaram dos etruscos. Inicialmente apresentava uma forma retangular e curta. Posteriormente passou a ser semicircular, o que proporcionou um grande aumento de seu tamanho. Assim, tornou-se de difícil uso, necessitando, por esse motivo, principalmente para os romanos mais ricos, de um escravo para ajudar na tarefa de vesti-la. Existiu, para cada função, vários tipos de togas, sofrendo mudanças ao longo do Império, mas sempre resguardando o seu simbolismo, ou seja, o de diferenciador de classe social, nas relações de poder entre os grupos componentes da sociedade romana. Para os romanos, o sentido da toga se relacionava à memória dos seus ancestrais, pois era uma vestimenta própria dos oradores, dos magistrados, dos senadores.

A toga cândida era de um branco imaculado, usada pelos candidatos a cargos públicos. A toga sórdida ou pulla era a usada pelos pobres e pelo réu, quando se apresentava nos tribunais (servindo neste caso, para inspirar sentimentos de piedade). A toga trabea era usada na cor púrpura, durante os atos rituais pelos sacerdotes augures ou adivinhos.

A toga negra simbolizava o luto, o fim. A cor preta originária da tradição romana era também usada nas cerimônias solenes e magistraturas.

Cabe ressaltar que veste “talar” não significa roupa preta, mas sim roupa comprida até os tornozelos.

Em virtude de toda a sofisticação sofrida pela peça, a toga deixou de ser vestida diariamente, passando a partir do Século II a. C. a ser trajada somente pelos homens e sobre a túnica. Os primeiros romanos usavam a toga no campo. Eles faziam com ela uma volta em torno do corpo, o que sustentava a toga e deixavam seus braços livres.

Durante o Século XVII, a toga chegou a ser usada por homens de mais idade e proeminência. À medida que a moda se alterava, ela também se transformava, sem perder o seu significado. Foi abandonada ainda naquele século como indumentária pública, sobrevivendo como roupa ritual da religião e do Direito.

Geralmente é comum as pessoas julgarem a importância e o status das outras, com base no que estão vestindo. Ficou claro que uma peça do vestuário, ao longo da história da humanidade, agiu como um diferenciador de classe social, simbolizando um poder que emana da necessidade de como a sociedade quer ser vista e identificada e qual a imagem que ela faz de si mesma. A túnica e a beca prestaram relevante papel na história da roupa.

A toga, com o nome de beca, sempre na cor preta e utilizada pelos magistrados, membros do Ministério Público e advogados, no exercício de suas funções nos tribunais, tornou-se mais conhecida e notável nos tempos modernos. Também é muito divulgada por ser largamente usada pelos formandos, professores, diretores e reitores nas solenidades de formatura dos cursos de graduação.

Após esse breve comentário sobre a veste talar denominada Toga, passaremos a comentar, brevemente, o Balandrau, tão polemizado no meio maçônico, cuja etimologia vem do latim medieval balandrana, que designa a antiga vestimenta com capuz e mangas largas, abotoada na frente; e designa também, certo tipo de roupa usada por membros de confrarias, geralmente em cerimonias religiosas.

Embora alguns autores insistam em afirmar que o balandrau não é veste maçônica, o seu uso, na realidade remonta a primeira das associações de ofício organizadas (Maçonaria Operativa), a dos “Collegia Fabrorum”, criada no século VI a.C., em Roma. Quando as legiões romanas saiam para as suas conquistas bélicas, os Collegiati acompanhavam os legionários para reconstruir o que fosse destruído pela ação guerreira, usando nesses deslocamentos uma túnica negra (Castellani).

Da mesma maneira, os membros das confrarias operativas dos Franco-Maçons medievais (Séc. XIV e XV), quando viajavam pela Europa Ocidental, usavam o balandrau negro. Segundo outros autores, o uso do balandrau teve início nas funções do Primeiro Experto, durante os trabalhos de iniciação em que atendia o profano na Câmara de Reflexões (José Castellani). Para outros, como Jaime Pusch e Rizzardo Da Camino, o balandrau foi inicialmente restritivo à Câmara do Meio, no Grau de Mestre de alguns ritos, mas que depois foi aceito nos outros graus.

Kennyo Ismail, por sua vez, discorda categoricamente do nosso Irmão Castellani, quanto à origem do Balandrau. Transcrevemos, a seguir as palavras do Irmão Kennyo: “Com todo o respeito ao saudoso Irmão Castellani e suas obras, que tanto acrescentaram para a literatura e cultura maçônica brasileira, permita-nos discordar de tal afirmação. Nos parece que se trata de teoria feita de forma inversa, ou seja, apenas para justificar um costume arraigado, ao invés de buscar sua origem. Afinal de contas, não existe qualquer indício de que os membros do Collegia Fabrorum ou mesmo os maçons operativos medievais realmente utilizavam balandrau. Em que se baseia essa afirmação? A impressão é de que apenas se afirmou o uso pelos membros da maçonaria operativa para justificar o uso pelos maçons especulativos, sem qualquer fundamento histórico para ilustrar tal teoria.

Em verdade, a origem do balandrau na maçonaria é outra. Podemos dizer que herdamos o balandrau de uma instituição “prima”: A Carbonária.

Analisando a “Carta de Bolonha” e tantos outros documentos existentes do segundo milênio, vê-se claramente que já no século XI a maçonaria operativa era dividida entre os que trabalhavam com “pedra” e os que trabalhavam com “madeira”. Em resumo,

os que trabalhavam com “pedra”, que eram maiores em número e em serviços, eram os maçons operativos, dos quais somos os legítimos herdeiros. Enquanto que a Carbonária surgiu como herdeira daqueles que trabalhavam na madeira.

A Carbonária se fazia presente de forma intensa na Itália, França e Portugal, e era governada pelo General francês Joaquim Murat, cunhado de Napoleão Bonaparte e tido como rei de Nápoles. Os carbonários eram conhecidos pelo uso de uma túnica preta com a imagem do punhal de São Constantino bordada no peito esquerdo – Sim, um balandrau.

Joaquim Murat tratou de iniciar na Carbonária seu filho, “príncipe” Charles Lucien Murat. Em 1815, o príncipe Murat teve que se exilar por conta do assassinato de seu pai, vivendo então na Áustria, Veneza e por último nos Estados Unidos. Só conseguiu retornar à França em 1848. Em 1852, Murat assumiu como Grão-Mestre do Grande Oriente da França, cargo em que permaneceu até 1862.

Nesses 10 anos como Grão-Mestre, Lucien Murat realizou uma grande revolução no Grande Oriente da França, o qual cresceu como nunca em número de Lojas e notoriedade. Foi também nesse período que vários traços da antiga Carbonária foram implementados na maçonaria francesa, entre eles o uso do balandrau. Os maçons do Grande Oriente do Brasil, que tão estreitos laços possuíam e tanta influência sofriam da maçonaria francesa, a qual havia sempre servido de exemplo e fonte dos Ritos então praticados no Brasil – Escocês, Adonhiramita e Moderno – logo também aderiram ao balandrau.

Porém, em janeiro de 1862, o rei Napoleão III declara o Marechal Bernard Pierre Magnan, um profano, como Grão-Mestre do Grande Oriente da França. O Marechal Magnan é iniciado e elevado até ao grau 33 do Rito Escocês em apenas dois dias. Magnan desfaz muitas das mudanças promovidas por Lucien Murat. No entanto, o balandrau já havia caído nas graças dos irmãos brasileiros.

Uma das evidências que constata que o balandrau não teve origem no Collegia Fraborum ou na maçonaria operativa é de que é um traje totalmente desconhecido na maçonaria da Inglaterra, Irlanda, Escócia e Alemanha, países em que a maçonaria é tão antiga e originária das antigas Guildas quanto na Itália, França e Portugal, ao mesmo tempo em que esses primeiros não tiveram a presença da Carbonária em seus territórios, enquanto Itália, França e Portugal tiveram.

Com base em tais relatos e análises históricas, conclui-se que a afirmação de que o balandrau é uma herança da maçonaria operativa, apesar de valorizar simbolicamente o balandrau, é totalmente falsa. Fica evidente a influência que a Carbonária, através de Lucien Murat, exerceu sobre o Grande Oriente da França e, consequentemente, sobre a Maçonaria Brasileira, sendo o balandrau o mais visível indício disso.

Porém, não se deve deixar de concordar com o Irmão Castellani em uma coisa: a verdadeira vestimenta do maçom é o AVENTAL. Sem ele, o maçom não trabalha”. Encerro aqui a transcrição do trabalho “O BALANDRAU & A MAÇONARIA”.

Percebemos, através deste pequeno relato, que o balandrau está presente na história da Maçonaria desde o princípio, pois era uma forma de igualar os participantes e proteger suas identidades através do capuz, principalmente da perseguição da inquisição.

Hoje, a vestimenta é tolerada pelas altas autoridades das potências maçônicas e muitas lojas adotam o Balandrau como vestimenta oficial para as Sessões Ordinárias,

deixando o terno somente para as Sessões Magnas. Isto acontece muito nas cidades grandes, principalmente em função da distância casa-trabalho-loja maçônica. Outras lojas admitem o uso do balandrau somente para visitantes, desde que seja do mesmo Rito da Loja visitada.

COMENTÁRIOS FINAIS

Será que Castellani está realmente errado, e Kenniyo correto, contrariando a tese do ilustre e renomado escritor José Castellani?

Será que o errado seja o irmão Kenniyo, e o correto seja Castellani?

Será que ambos estão certos? Ou será que eles estão enganados quanto as suas afirmações sobre a origem do Balandrau na Maçonaria?

Ora, Castellani afirma que o uso do Balandrau, remonta a primeira das associações de ofício organizadas (Maçonaria Operativa), a dos “Collegia Fabrorum”, criada no século VI a.C., em Roma. Já, para Kenniyo, herdamos o balandrau de uma instituição “prima”, a Carbonária nascida na Itália, portanto, romana. Ambos são categóricos em afirmar que o uso do Balandrau, na Maçonaria, teve origem em instituições romanas, embora distintas entre si.

Longe de mim querer contrariar, ou contradizer tão ilustres escritores, mas, como pesquisador, fico a perguntar: será que eles se apoiaram em hipóteses falsas, desenvolvendo as teorias, também, falaciosas para provar suas teses?

Admitindo que o irmão Kennyo esteja certo ao afirmar que como Grão-Mestre, Lucien Murat implementou, na maçonaria francesa, o uso do balandrau, surge a pergunta: sendo a maçonaria especulativa, nos seus primórdios, um “clube” das elites cujos membros eram príncipes, duques, barões, filósofos, intelectuais, artistas renomados, enfim, da nobreza, adotaria uma roupa qualquer, despida de importância histórica ou simbolismos pela peça, para simbolizar a igualdade dos “sócios” durante as reuniões?

Talvez, seja coerente supor, por hipótese, que o Irmão Lucien Murat, que era príncipe, na intenção de a uniformizar a indumentária visando a harmonização do ambiente e das pessoas, gerando um clima psicológico favorável à integração e ao controle, adotou uma vestimenta talar masculina denominada TOGA, que era uma peça característica da Roma Antiga, e de uso exclusivo do cidadão romano que pertencesse à classe alta, especialmente pelos Senadores.

Também, não é de todo incoerente, supor que em tempos anteriores ao príncipe, a maçonaria tivesse adotado o uso da toga com as mesmas finalidades retro mencionadas, e que mais tarde, para proteger as identidades de seus membros, principalmente da perseguição da inquisição, acrescentou um capuz, que a partir de então, passou a ser identificada com o nome latino medieval “balandrana” ou balandrau, mas apenas quando usado o conjunto, isto é, vestimenta talar preta mais capuz.

Certamente que o assunto é uma questão aberta a novas investigações.

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http://www.parana_online.com.br/canal/direito_e.../14529? – acesso em 29/07/2010

http://www.biblio.com.br/.../ruibarbosa/ruibarbosa_htm_ acesso em 29/07/2010

http://www.myfashionbubbles.com/profile/DenisePitta acesso em 04/03/2011

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